Enquanto muitos fazem PIX para pagar contas básicas, milhões de brasileiros estão usando o mesmo meio para apostar. Em 2024, cerca de 24 milhões de pessoas transferiram R$ 20,8 bilhões para plataformas de apostas online — e isso só com pagamentos via PIX.
Em 2024, aproximadamente R$ 3,1 bilhões do valor pago pelo Bolsa Família foi parar em apostas. Dinheiro que deveria garantir o básico — comida, moradia, dignidade — está sendo direcionado para plataformas que lucram com o desespero.
Segundo a Anbima e o Datafolha, há mais brasileiros apostando online do que investindo em CDBs, fundos ou ações. E os impactos são alarmantes:
•63% dos apostadores comprometeram a renda;
•Muitos deixaram de comprar comida, remédios ou itens de higiene;
•Cerca de 4 milhões acreditam, equivocadamente, que apostar é investir.
Os efeitos vão além do bolso. Especialistas em saúde mental já comparam o vício em apostas aos efeitos de drogas pesadas, como o crack, devido ao estímulo intenso no cérebro. Sensações de recompensa, promessas de ganhos rápidos e o famoso “quase ganhei” fazem parte de um sistema cuidadosamente desenhado para gerar dependência.
Tudo isso acontece em um cenário onde clubes de futebol e influenciadores promovem apostas sem freios, e onde a maioria da população não teve acesso à educação financeira básica para entender os riscos envolvidos.
Não estamos falando apenas de “entretenimento”. É um sistema construído para manter as pessoas presas, usando mecanismos de vício como recompensas aleatórias e a falsa sensação de que a próxima tentativa pode mudar tudo.
Fonte: Valor Investe, 30/04/2025.
